A “temporada perdida” no cinema graças à pandemia que assolou o mundo chega oficialmente ao fim. “Minions 2: A Origem de Gru” é o último dos grandes lançamentos agendados originalmente para 2020 a finalmente estrear.
Este deve ser provavelmente seu único mérito. Pouco restou da inventividade anárquica de “Meu Malvado Favorito”, de 2010. Não há nenhuma surpresa aí. Como boa parte das animações de sucesso, a aventura do super vilão Gru e seus “minions” passou de exercício em criatividade a produto corporativo.
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Não há absolutamente nada de errado em encarar este “Minions 2” unicamente como uma propriedade intelectual a ser minada quando pensamos em seu público-alvo: crianças bem pequenas, que se divertem por uma hora e meia com o colorido, a energia insana e algumas gags mais engraçadas. Tudo bem raso.
O filme acaba e a turma tá mais ou menos assim… Imagem: Universal
A metragem, por sinal, está de bom tamanho. Mal existe gordura narrativa para sustentar a trama em seus 87 minutos. Gru, uma criança de 10 anos, quer entrar para seu super grupo de vilões favorito, o Sexteto Sinistro (será que a Marvel vai chiar?). A turma o descarta como um moleque atrevido. Ele precisa então provar seu valor.
A trama traz então um macguffin pouco inventivo: a “joia do zodíaco”, capaz de transformar os vilões em feras destruidoras. A tal pedra termina com Gru, vai parar nas mãos de um de seus minions e obviamente é finalmente usada pelos vilões – nenhuma surpresa aqui, tudo isso já está no trailer do !
“Minions 2” espreme as possibilidades de sua premissa até o caroço. Talvez para disfarçar suas inconsistências, o filme é histérico e estridente, tentando injetar alguma personalidade às criaturas amarelas que servem a Gru. Não funciona, mas os cosplayers de festas infantis ganham aqui uma sobrevida.
Agendado inicialmente para a temporada do verão americano de 2020, “Minions 2” foi adiado por um ano para 2021 e empurrado depois para 2022. A dança das cadeiras entre grandes lançamentos foi intensa, com boa parte da agenda do primeiro ano da pandemia sendo desovada ou meses depois de sua data original (como os corajosos “Tenet”, “Monster Hunter” e “Mulher Maravilha 1984”), ou em 2021 (o caso de “Raya e o Último Dragão”, “Godzilla vs. Kong” e “Um Lugar Silencioso Parte II”.
Esse final de calendário não se traduziu em sucesso para “Morte no Nilo” ou “Morbius”, que não fizeram nenhum barulho. O exemplo oposto é o de “Top Gun: Maverick”. A aventura com Tom Cruise chegou ao cinema depois de uma dezena de riscos na folhinha, mas terminou como um sucesso global de US$ 1 bilhão.
“Minions 2: A Origem de Gru” não deve sequer arranhar esses números. Ainda assim, com “Lightyear” como único concorrente pela atenção da petizada, deve terminar se tornando um produto lucrativo. Os adultos mais impacientes podem deixar a prole no cinema sem medo e curtir um passeio rapidão no shopping. Ou, sei lá, encarem o filme: ao menos a trilha sonora, com pérolas dos anos 1970, é joia.