Os olhinhos vidrados na professora revelam que a viagem já começou. Quando os alunos da turma do 2º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Lúcia Giovanna Duarte de Melo, no bairro de Gramame, veem as páginas do livro se abrirem, eles atravessam um portal que os transporta para o mundo mágico do ‘país das maravilhas’ e entendem o que realmente é ser criança.
Morgana Sales dos Santos, Safira Manoele Farias e Pedro Lucas Brito entendem bem como é viajar no mundo da literatura. O trio, sempre que pode, corre para a biblioteca em busca de uma nova história e, de lá, podem ir a qualquer lugar. “Eu aprendo muitas coisas quando estou lendo”, conta Morgana. “Eu fico imaginando como seria se eu morasse naquele lugar”, acrescenta Safira. “Eu nem sei qual minha história favorita. Gosto de todas”, completa Pedro.
Literatura nas escolas – A leitura, para o período da primeira infância, é a semente que desperta a imaginação, nutre a linguagem e faz florescer o amor pelo conhecimento. Certos desse entendimento, os profissionais da Rede Municipal de Educação de João Pessoa não medem esforços para manter meninos e meninas convivendo diariamente com obras infantis e aconselham que um bom livro é o melhor presente para ser dado no Dia das Crianças – comemorado neste domingo (12). A literatura vai divertir, ensinar e aproximar a família.
“Oferecer livros desde os primeiros anos de vida ajuda a cultivar o prazer pela leitura, aproximando a criança do universo literário de forma natural e afetiva. Além disso, o trabalho com a literatura contribui significativamente para o desenvolvimento emocional e social. Ao escutarem histórias, as crianças, desde bebês, identificam emoções, elaboram experiências e constroem vínculos afetivos com os mediadores de leitura”, detalhou a diretora do Departamento de Educação Infantil (DEI), da Secretaria de Educação e Cultura (Sedec), professora doutora Maria Sonaly Machado de Lima.
Baseados nesse arcabouço de conhecimento, professores, gestores de escolas e todo o corpo educacional integrante da rede municipal estendem a proposta de fortalecer a literatura entre os pequenos já nos primeiros seis meses de vida e, para isso, incluem a família. “Muitas unidades chamam os pais para contar história para os filhos. As crianças levam livro para casa no final de semana, para ler junto com os pais. Há também esse trabalho com a comunidade, que é muito importante. É a literatura infantil ultrapassando os muros das unidades de educação e chegando à casa das crianças”, confirma Sonaly.
Para essa convivência admirável com os livros, os professores da Sedec recebem formação continuada, caixa literária com livros específicos para a faixa etária. Além disso, todas as turmas têm o cantinho da leitura. “As unidades sempre preparam o ambiente para a leitura, seja nos espaços internos ou externos. O corpo docente utiliza de várias estratégias: literatura dramatizada, com fantoches, teatro de sombras, histórias cantadas, histórias contadas com objetos, com imagens, recitação de poemas, cordéis, lendas, entre outros gêneros partilhados”, explica a diretora do DEI.
Dedicação profissional – A dedicação dos profissionais da educação é nítida, poderia até ser descrita em um livro. Mas aqui vamos tentar mostrar todo o amor envolvido entre as crianças, a escola e a família em poucas palavras. A professora Rafaela de Sá Furtado, comandante da turma do 2º ano que apresentamos logo no começo desta reportagem, é um dos exemplos de amor pelas crianças e pela leitura.
“A leitura é uma porta que se abre para eles. Muitos têm familiares que não sabem ler e eles querem aprender para ajudar. É um mundo mágico. Por isso, aqui na escola temos vários projetos. Tivemos um de contos de fada há pouco tempo que contribuiu para a escrita e para a leitura. É de uma importância imensurável para trazer a família junto e a gente vê o processo de crescimento”, contou a mestra.
A gestora da Escola Lúcia Giovanna Duarte de Melo, Maria Gilliane de Oliveira, é a maior incentivadora nesse processo que inclui toda a comunidade. “Por meio da leitura, as crianças conseguem ter uma visão de mundo, ampliar o seu repertório vocabular, ter conhecimento sobre outras culturas, outras histórias que elas não têm acesso ainda. Elas podem se ver a partir das histórias, compreender sobre a vida, sobre as resoluções de questionamentos da vida, além de estimular a criatividade”, falou.
“Aqui, elas se realizam, desenvolvem o imaginário, reforçam a leitura. Encontram o prazer através da magia que é ler. Eu acho que leitura tem um grande poder de criatividade e, isso, eles levam para a vida toda”, completa Magnólia Ferreira dos Santos, diretora administrativa da unidade.