A Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial de João Pessoa realizou, nesta terça-feira (29), na Escola Municipal Zumbi dos Palmares, uma série de atividades educativas e culturais dentro do projeto ‘Mulheres Negras em Movimento: Julho de Vozes, Raízes e Luta’. A iniciativa, que segue até a próxima quinta-feira (31), contempla quatro unidades escolares e tem como objetivo fortalecer o protagonismo, a visibilidade e os direitos das mulheres negras nas comunidades escolares.
A programação conta com rodas de conversa, oficinas, apresentações culturais e debates sobre racismo estrutural, institucional, religioso e recreativo. A ação é uma realização da Coordenadoria em parceria com a Secretaria de Educação e Cultura (Sedec), Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (SPPM), Secretaria Executiva de Participação Popular (SEPP) eCoordenadoria de Promoção à Cidadania LGBT.
Carla Uedler, coordenadora de Promoção da Igualdade Racial, destacou que o projeto nasce da necessidade de promover a valorização da identidade negra entre as alunas, e também sensibilizar todos os estudantes para as questões de raça, gênero, classe e orientação sexual.
“Nosso intuito é dar protagonismo às meninas negras, para que reconheçam sua beleza, cultura, cabelo, cor da pele e possam se fortalecer. Também queremos esclarecer a diferença entre racismo e injúria racial, trabalhando a interseccionalidade e ampliando o entendimento sobre o 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e também dia de Tereza de Benguela, uma importante líder quilombola no Brasil”, ressaltou.
A programação do evento também foi marcada pela presença de figuras importantes da cultura afro-brasileira e da luta por igualdade. Erika Santos, empreendedora e mãe de santo, levou aos alunos sua vivência enquanto mulher negra, religiosa de matriz africana e empresária. “Fiquei muito feliz em participar dessa dinâmica tão rica, trazendo temas como discriminação racial, violência contra a mulher e empreendedorismo de guerreira. É um momento coletivo e enriquecedor para todos nós”, comentou.
Para Suleya Medeiros, técnica da SPPM, o evento é essencial no enfrentamento à violência de gênero. “As mulheres negras são as que mais sofrem com a violência. Dados mostram que 65% das vítimas de violência são negras. Precisamos prevenir e educar para combater essas desigualdades, e a escola é o espaço ideal para iniciar essa mudança”, afirmou.
A iniciativa também contemplou a discussão sobre diversidade sexual e identidade de gênero. Elaine Lopes, da Coordenadoria LGBT da Capital, enfatizou o papel da escola como espaço de letramento e conscientização. “Muitas vezes, os estudantes não têm acesso à informação segura e de qualidade sobre as questões LGBT+, religiosas ou raciais. Promover esse conhecimento é essencial para formar cidadãos conscientes e empáticos”, disse.
A mestra de capoeira Malu Farias, coordenadora do projeto Capoeira no Chão da Escola, também marcou presença. Ela ressaltou que a prática tem se consolidado como uma ferramenta pedagógica importante para o reconhecimento da identidade afro-brasileira nas escolas públicas. “A capoeira permite que os alunos se conectem com suas raízes e se sintam pertencentes. Em uma escola como a Zumbi dos Palmares, que carrega o nome de um dos maiores símbolos da resistência negra, é simbólico que esse projeto esteja presente. Estamos aqui para aquilombar, fortalecer o pertencimento e combater o racismo que ainda cresce no País”, relatou.
O projeto ‘Mulheres Negras em Movimento’ integra o calendário de ações afirmativas da Prefeitura de João Pessoa e evidencia o compromisso do município com a construção de uma educação democrática, plural e antirracista, promovendo espaços de escuta, valorização da ancestralidade e combate às diversas formas de discriminação.