Desde 2019, no Brasil, julho marca a conscientização sobre as hepatites virais, infecções que causam, anualmente, cerca de 1,4 milhão de mortes no mundo. Com o objetivo de informar a população, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), dentro da campanha Julho Amarelo, reforça a importância da prevenção contra essas doenças.
“As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. São definidas basicamente como inflamações do fígado que advém por conta de vírus e são infecções silenciosas, então é importante falar que nem todo mundo vai ter os sintomas, mas os mais característicos são a dor abdominal, a pele e os olhos amarelados, que a gente chama de icterícia, o cansaço, a febre, o enjoo, a diarreia”, explica a médica preceptora do programa de Residência de Medicina de Família e Comunidade da Secretaria Municipal de Saúde, Júlia Falcão.
A médica informa que, no Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D – mais comum na região Norte do país – e o vírus da hepatite E, que é menos comum no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.
“A Hepatite A é transmitida pelo meio fecal-oral, por meio de água e comida contaminada, já as hepatites B e C são transmitidas por via sexual, compartilhamento de agulhas e material perfuro cortante e pela via vertical, que é quando a mãe transmite para o bebê”, explica a médica Júlia Falcão.
Neste ano, dados da Vigilância Epidemiológica (Viep) da SMS, indicam o surgimento de 66 novos casos de Hepatites Virais, sendo as mais recorrentes do tipo C (28) e B (25). Em 2024, no primeiro semestre, foram registrados 86 casos das doenças, e o ano fechou com 243 casos notificados. O tipo mais prevalente também foi a Hepatite C, com 166 notificações e a Hepatite B, com 54. Durante o último ano, a Viep também notificou casos da forma conjunta B+D.
A médica da USF Integrando Vidas explica que como as hepatites têm meios de transmissão diferentes, elas recebem orientações diferentes para a prevenção. “Para a Hepatite A é sempre importante manter hábitos de higiene e observar os locais onde vai se alimentar e qualidade daquele alimento. Nesse sentido, o poder público é fundamental, o saneamento básico é uma forma de prevenção e a atuação da vigilância também, já que desenvolve um trabalho essencial ao fiscalizar os restaurantes”, explica Júlia Falcão.
“Para as hepatites B e C a principal prevenção é o uso do preservativo, independentemente do tipo de relação sexual, inclusive no uso de brinquedos sexuais e o não compartilhamento dos mesmos sem o uso adequado da camisinha. Também é importante não compartilhar agulhas e outros materiais perfuro cortantes; ter sempre seus testes sendo realizados em dia, para saber se está infectado e, caso esteja, realizar o tratamento correto da forma adequada. Também, muito importante é realizar a vacinação, que temos a vacina para prevenir algumas dessas doenças”, conclui a médica.
Assistência – Na Rede Municipal de Saúde, a população tem acesso a testes para detecção da infecção pelos vírus B ou C. Os testes rápidos estão disponíveis nas Unidades de Saúde da Família (USF) ou no Serviço Especializado para Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA).
Os serviços funcionam de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h, com intervalo de almoço. O SAE/CTA está localizado na Rua Alberto de Brito, nº 413, Jaguaribe, dentro do complexo da Policlínica Municipal de Jaguaribe. Para mais informações, a população pode entrar em contato pelo telefone 3213-7592.
Para a prevenção das Hepatites A e B, na rede SUS é ofertada, de forma gratuita, a vacina contra essas infecções. Para isso, os imunizantes são administrados ainda na infância. A vacina que protege para a Hepatite A deve ser ministrada em dose única aos 15 meses (1 ano e 3 meses).
No calendário da criança, a vacina de Hepatite B é ofertada ao nascer junto com a BCG e depois ela está incluída dentro da pentavelente, que é ofertada com 2 meses, 4 meses e 6 meses. Quem não foi imunizado contra a Hepatite B quando criança, pode tomar a vacina em qualquer momento da vida uma vez que é disponibilizada para toda a população em um esquema de três doses, sendo o primeiro reforço após 30 dias e o segundo após seis meses.
As vacinas estão disponíveis em todas as salas de vacina da cidade, nas USF, Policlínicas Municipais, no Centro Municipal de Imunização (CMI) – antigo lactário no bairro da Torre – e, nos pontos extras instalados no Home Center Ferreira Costa, Shopping Sul (bairro dos Bancários), Shopping Tambiá (Centro).
Apesar da Hepatite C não ter vacina que confira proteção, há tratamento com mais de 95% com chances de cura, se feito corretamente. Em João Pessoa, esse tratamento é feito no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), por meio de encaminhamento dado pelo serviço onde foi feito o teste de detecção.
Julho Amarelo – A campanha de conscientização sobre as hepatites virais, é celebrada durante o mês de julho e tem como objetivo alertar a população sobre a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento dessas doenças.
A campanha, instituída pela Lei nº 13.802/2019, coincide com o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, celebrado em 28 de julho, e visa fortalecer as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites.