A Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), realizou a primeira reunião do ano referente ao Centro de Operações de Emergências (COE) relacionadas às Doenças Respiratórias e de Arboviroses (dengue, zika e chikungunya). A reunião teve como objetivo discutir o aumento de casos de atendimentos registrados nas unidades de saúde nos últimos dias, ocasionado pelas doenças respiratórias, e serviu para destacar quais são as tomadas de decisões para soluções imediatas realizadas pela gestão.
A secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, destacou a importância da realização do COE. “Até o momento, estávamos em uma sala de situação, mas hoje avançamos para o nível 1. Nesse centro, analisamos não apenas o aumento dos casos, mas também a capacidade instalada, incluindo leitos, medicação, infraestrutura e recursos humanos. A partir dessa avaliação, realizamos a tomada de decisões estratégicas em equipe.”
A prefeita Adriane Lopes destacou a importância da iniciativa diante do aumento de doenças sazonais e da adoção de medidas emergenciais. “Estamos aqui para discutir esse momento de emergência, no qual estamos com o surgimento das arboviroses e das doenças respiratórias, exigindo que aumentemos a atenção devido à relevância do tema e trabalhemos com a adoção de novas medidas e ações estratégicas.”
Para enfrentar a crescente demanda, a SESAU reforçou o número de médicos e enfermeiros nas unidades de saúde 24 horas (CRSs e UPAs) para reduzir o tempo de espera. “Hoje, nós sentimos o aumento no serviço de 3.000 para 5.000 atendimentos diários. A maioria dos pacientes apresenta síndrome respiratória e quadros de diarreia. Além disso, observamos um aumento da agudização de casos crônicos, como descompensação grave de diabetes, infartos e derrames, exigindo mais internações.”
O município também realizou na semana passada o chamamento imediato de mais médicos por meio de cadastro temporários para compor e ampliar o quadro de equipe da SESAU. Objetivo é para reforçar às equipes existentes e auxiliar no atendimento à população.
Para garantir o suporte aos pacientes, novos medicamentos foram incorporados e disponibilizados nas unidades de saúde 24 horas, incluindo antibióticos injetáveis. Além disso, o Pronto Atendimento Infantil passou a contar com novas especialidades, como fisioterapia e oxigenoterapia, acelerando a recuperação de crianças que eventualmente possam ser internadas com doenças respiratórias.
Vacinação
A campanha de vacinação foi outra medida adotada e antecipada, tendo início na última quinta-feira (27/03), com mais de 18 mil pessoas vacinadas o presente momento. A vacina trivalente protege contra Influenza A (H1N1 e H3N2) e Influenza B. Os públicos prioritários incluem crianças de 6 meses a 5 anos incompletos, idosos acima de 60 anos, gestantes, puérperas, profissionais de saúde, segurança e educação, além de pessoas com comorbidades.
“As vacinas estão disponíveis nas 74 Unidades de Saúde da Família (USFs). Além disso, no próximo sábado (05/04), será realizada campanha no Pátio Central Shopping, além do drive de vacinação organizado pelo Governo do Estado, que disponibilizou um drive-thru no Corpo de Bombeiros, na região central de Campo Grande. Também como medida emergencial, estamos vacinando em instituições de longa permanência, creches (Emeis) e supermercados”, informou Rosana Leite.
A superintendente de Vigilância em Saúde e Ambiental, Veruska Lahdo, reforçou a importância do monitoramento contínuo pelo Centro de Operações. “O COE é o local onde discutimos o cenário atual e padronizamos medidas necessárias para lidar com a situação. As doenças respiratórias seguem um padrão sazonal, e entre março e julho há um aumento expressivo na circulação de vírus respiratórios.”
Atualmente, a maioria dos casos é leve, mas há risco de evolução para quadros graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que pode exigir internação e suporte de oxigênio. “Estamos monitorando 24 horas por dia para fornecer informações atualizadas à Secretaria de Saúde e aos gestores”, acrescentou Veruska.
A defensora pública Eni Diniz também esteve presente na reunião e pontuou quanto às questões dos pedidos de judicialização, ressaltando o constante contato junto à Secretaria Municipal de Saúde com o objetivo de avaliar antecipadamente cada caso de paciente, a fim de evitar que se torne uma ação judicial e que, de fato, a medida atinja quem precisa do atendimento.
Monitoramento das Arboviroses
Em relação às arboviroses (dengue, zika e chikungunya), a cidade registrou até o momento 20 casos de chikungunya, sendo quatro importados de outros estados. “Monitoramos essas áreas para direcionar nossas ações. A chikungunya preocupa, pois, apesar de não termos enfrentado uma epidemia, a doença está em expansão pelo país”, disse a superintendente.
Sobre a dengue, foram notificados 1.669 casos, um número inferior aos últimos três anos. “No ano passado, só em janeiro tivemos 1.200 casos e, em fevereiro, 2.500. Neste ano, até agora, são 1.669 casos notificados e 114 confirmados. Não houve casos graves nem óbitos relacionados diretamente à doença”, explicou.
Um ponto de atenção é a circulação do sorotipo DENV-3. “Neste ano, já tivemos seis casos confirmados, um importado e cinco locais. Essa mudança requer atenção, pois parte da população pode ser suscetível a esse sorotipo”, alertou Veruska.
Situação da Rede de Atenção Primária em Saúde
A superintendente da Rede de Atenção Básica da SESAU, Ana Paula Resende, apresentou dados sobre os atendimentos. “Ao comparar fevereiro de 2025 com o mesmo período do ano passado, observou-se um aumento de 11% nos atendimentos respiratórios nas USFs. Em março, esse crescimento chegou a 26%, e a variação entre fevereiro e março deste ano foi de 44%, saltando de 4.000 para 6.000 atendimentos nas USFs. Isso reforça a importância da vacinação”, destacou.
A cobertura vacinal segue como um desafio nacional. “Muitas pessoas ainda questionam a eficácia da vacina, mas ela reduz casos graves, internações e óbitos, principalmente entre idosos, gestantes e crianças. Precisamos incentivar esse público a se vacinar”, ressaltou Ana Paula.
Para desafogar as unidades de urgência e emergência, a SESAU mantém o horário de atendimento estendido em duas Unidades de Saúde da Família (USF): Noroeste e Tiradentes, que agora funcionam até as 23h. “Essa estratégia tem sido positiva, garantindo assistência à população que não consegue buscar atendimento em horário comercial”, afirmou Resende.
A ampliação do horário reduziu deslocamentos para outras unidades, melhorando a eficiência do atendimento. “Os números mostram que essa estratégia tem funcionado. Estamos analisando a viabilidade de expandir esse modelo para outras unidades”, concluiu a superintendente da Rede da APS.
O mesmo acompanhamento também acontece pela rede de alta complexidade. “Nós estamos fazendo esse monitoramento junto às unidades hospitalares e vendo, caso necessário, a necessidade de remanejar pacientes que já estão internados em leitos hospitalares e fazer a troca de acordo com a situação clínica de cada paciente. É um acompanhamento contínuo”, destaca a superintendente da Supria/SESAU, Ana Paula Borges.
A coordenadora da Rede de Urgência e Emergência da SESAU, Ana Paula Cangussu, lembra que, embora as unidades de saúde 24 horas estejam com alta demanda, o acompanhamento ocorre em tempo real por meio do Huddle, que permite a análise de todo o quadro situacional com informações repassadas duas vezes ao dia. Há ainda o envio de equipes volantes para reforçar o atendimento médico nas unidades de saúde de urgência e emergência, além de um acompanhamento pelo escritório de alta que faz a análise da situação de cada paciente. A análise técnica dessas ferramentas permite realizar o monitoramento das unidades de saúde 24 horas.
Assim, o monitoramento segue em tempo real pelo COE, e novas medidas poderão ser adotadas conforme a necessidade para garantir um atendimento de qualidade à população.
#ParaTodosVerem A imagem de capa mostra autoridades, a foto seguinte é da reunião no Gabinete da Prefeitura.
