Por MRNews
Projeto TENEGRES Brasilândia é coordenado pela professora do Campus São Paulo Giselly Barros
O projeto de extensão do Campus São Paulo TENEGRES Brasilândia (Territórios Negros e as Escolas: descobrindo o lado norte de São Paulo — Brasilândia), coordenado pela professora Giselly Barros, foi premiado no Programa Ancestralidades de Valorização à Pesquisa de 2024 e financiado pelo Itaú Cultural e Fundação Tide Setubal.
Após processo de avaliação, 12 pessoas pesquisadoras foram selecionadas, sendo sete na categoria Pesquisa em Andamento e cinco na categoria Pesquisa Concluída. O projeto TENEGRES Brasilândia foi concluído em 2023, logo enquadrou-se na categoria Pesquisa Concluída. O trabalho foi reconhecido como uma contribuição valiosa para o fortalecimento da pesquisa no campo da ancestralidade e da valorização do conhecimento, sendo um dos escolhidos entre os 360 projetos submetidos em todo o Brasil, segundo os organizadores.
O projeto TENEGRES Brasilândia é coordenado pela professora Giselly Barros, do Departamento de Construção Civil do Campus São Paulo, integrante do Neabi e líder do GEPRETAS. Em 2023, o projeto premiado contava com dois bolsistas e um voluntário, Luiz Fernando Zucatelle, do curso de Gestão em Turismo, Letícia Barbosa e Ellyson Miranda, do curso de Arquitetura e Urbanismo. Em 2024, entraram mais três estudantes: Maria Letícia do Nascimento, Giovanna Sanini e Carlos Borges, todos do curso de Arquitetura e Urbanismo.
Os premiados tiveram um dia inteiro de celebração que aconteceu dia 12 de novembro de 2024 no Itaú Cultural com a presença de uma das consultoras, a intelectual Sueli Carneiro. Além disso, houve uma premiação em dinheiro no valor de R$ 18.000,00 e um troféu. Mais informações sobre os selecionados (premiados) podem ser verificadas pelo link: https://www.ancestralidades.org.br/noticias/Conheca-as-pessoas-selecionadas-no-Programa-Ancestralidades-de-Valorizacao-a-Pesquisa-2024.
Sobre o projeto
A cultura brasileira está carregada de influências africanas e afro-brasileiras, ainda assim, a história da urbanização de São Paulo foi narrada pela ótica hegemônica, branca e colonial que apagou sistematicamente as influências e contribuições negras (materiais e imateriais) na construção dos espaços das cidades. O projeto de extensão TENEGRES estudou e cartografou um conjunto de territórios negros na zona norte de São Paulo — Brasilândia e possibilitou a construção de narrativas contra-hegemônicas que colocam a comunidade negra e periférica no protagonismo.
Segundo Giselly, a abordagem mostra-se fundamental na luta por um projeto antirracista, decolonial e afrocentrado, focado em investigar e difundir a história urbana local, resgatando memórias e identidades negras. Embasado no tripé — ensino, pesquisa e extensão, o projeto tem como foco estudar a região onde se encontra a Escola Estadual de Ensino Fundamental II Jornalista Ruy Mesquita, na Brasilândia, construindo junto com a comunidade escolar, a partir das suas memórias e identidades, novas narrativas sobre a região, contribuindo para a (re)construção das identidades e resgate ancestral.
Durante a execução, foram ministradas palestras e construídas práticas pedagógicas, aplicando o ensino das relações étnico-raciais com os alunos, desenvolvendo atividades que fomentaram o interesse pelas suas próprias histórias. Também foram realizadas saídas pedagógicas para explorar os espaços urbanos da Brasilândia, evocando a memória negra presente.
Nova fase
O projeto segue em uma nova fase em 2024 com o objetivo de criar um documentário que narre as vivências na Brasilândia a partir da comunidade com uma perspectiva que olhe para o passado, presente e futuro. Ele está sendo elaborado por uma equipe de 6 estudantes (3 bolsistas e 3 voluntários) e tem previsão de lançamento no Calendário Afirmativo (III Novembro Negro) do Campus São Paulo, dentro do II Seminário Cidade, Territorialidades e Interseccionalidade: Territórios periféricos que acontecerá no dia 21 de novembro de 2024 no Campus São Paulo do IFSP.