Pesquisadores e produtores do setor da olivicultura estiveram reunidos em Maria da Fé, no Sul de Minas, para discutir avanços e gargalos para o desenvolvimento da atividade no Brasil. A programação do Brasil Oliva Summit 2024 envolveu visitas a propriedades produtoras da região.
O coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Pedro Moura, destaca a participação da pesquisadora Angjelina Belaj, curadora do Banco Mundial de Germoplasma de Oliveira, do Ifapa (Instituto Andaluz de Investigación y Formación Agraria, Pesquera, Alimentaria y de la Producción Ecológica), de Andaluzia, da Espanha.
“Ela passou alguns dias conosco, conheceu o Banco de Germoplasma da Epamig, juntamente com pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e de instituições federais de ensino”, conta Pedro Moura. “Visitamos também duas propriedades em Maria da Fé e uma em Wenceslau Braz, o que aprofundou nossa troca de experiências”.
O Banco de Germoplasma Mundial do Ifapa foi o primeiro do mundo a reunir materiais genéticos da oliveira. Atualmente, conta com um acervo de 750 variedades de 29 países.
“Os olivais da Mantiqueira são como um laboratório vivo, porque as condições de clima, solo, altitude são totalmente diferentes das que eu estou acostumada”, constata Angjelina Belaj, que firmou uma parceria do Ifapa para colaborar com Embrapa e Epamig na identificação dos materiais genéticos encontrados no Brasil.
“Isso é algo que nunca foi feito no país e vai envolver as principais áreas produtoras em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. Esse apoio do Banco do Ifapa vai possibilitar trazermos novos materiais para o Brasil”, avalia o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Rogério Oliveira Jorge.
“Vemos essas parcerias envolvendo instituições públicas e produtores, como fundamentais para o desenvolvimento da olivicultura na nossa região e no Brasil”, completa Pedro Moura que participou da programação junto com, os também pesquisadores da Epamig, Luiz Fernando de Oliveira e Lucas Fagundes.
“A olivicultura, em qualquer lugar do mundo, necessita de investimentos públicos e privados para se desenvolver, mas a base de qualquer trabalho são as pessoas. Aqui percebo um ambiente de trabalho e colaboração mútua de Epamig, Embrapa e das empresas privadas, tanto daqueles que apostam na atividade como prática agrícola, quanto de quem pretende investir no turismo temático e sustentável”, finaliza Angjelina Belaj.
Programação
O Brasil Oliva Summit 2024 – Realidade e Perspectivas – Etapa Mantiqueira e Campo das Vertentes, foi organizado pela olivicultora e proprietária da Fazenda Santa Helena / Azeite Monasto, Rosana Chiavassa, em parceria com a Epamig e a Embrapa.
Palestras e mesas redondas debateram temas de relevância para a olivicultura nacional, como genética, produtividade, clima, solo, manejo de doenças e certificação de azeite. A coordenadora da certificação de Azeite do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Daniela Lazzarini, apresentou o Certifica Minas Azeite.
“O consumidor hoje está buscando por produtos com identidade, qualidade e produções sustentáveis. A obtenção do Selo de Conformidade vai além do valor agregado, sendo um ateste de boas práticas de produção, garantia de rastreabilidade inserido no contexto de sustentabilidade, confiabilidade, além de melhoria na gestão do empreendimento”, enfatiza.
“Foi um dia intenso de trabalho com muitas informações e uma conclusão baseada na fala da Angjelina. A olivicultura tem problemas no mundo todo e não seria diferente aqui no Brasil, mas há esperanças e alternativas. Expresso aqui minha gratidão à Epamig, à Embrapa e a todos os palestrantes”, conclui Rosana Chiavassa, que foi a primeira produtora a ter seu azeite certificado em Minas Gerais.