O Instituto Estadual de Florestas (IEF) participou, de 12 a 14/7, do XXII Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas, no município de Chapada Gaúcha.
O encontro tem como objetivo divulgar e conservar as tradições dos povos do sertão, comidas típicas, danças de rodas, artesanatos e muito mais.
O IEF apresentou atividades desenvolvidas pelas unidades de conservação da região: os Parques Estaduais da Serra das Araras; de Sagarana e a Reserva Estadual de Desenvolvimento Sustentável Veredas do Acari, em estande na feira. Também atuou com doação de mudas, além da participação em mesas de debates.
O Encontro dos Povos recebe, ainda, os caminhantes do “Caminho do Sertão”, evento eco-literário em que caminhantes percorrem trecho do Parque Estadual de Sagarana até o Parque Nacional Grande Sertão Veredas.
“São 187 quilômetros percorridos a pé para conhecer de perto o Sertão de Guimarães Rosa e o povo que vive na região”, afirma o analista ambiental da Agência Avançada de Florestas e Biodiversidade do IEF em Chapada Gaúcha, Paulo Henrique Vieira Gomes.
A atividade proporciona imersão no universo de João Guimarães Rosa, na literatura, na geografia, nos saberes e fazeres dos habitantes dos vales dos rios Urucuia e Carinhanha, no Noroeste e Norte de Minas.
A jornada é feita a pé, em sete dias, saindo do distrito de Sagarana, no município de Arinos, para chegar à cidade de Chapada Gaúcha, onde se situa parte substancial do Parque Nacional Grande Sertão: Veredas.
Guimarães Rosa
A jornada literária “de Sagarana ao Grande Sertão: Veredas” se inspira na primeira obra de João Guimarães Rosa: Sagarana, livro de contos/novela, publicado em 1946, e alcança sua obra de maior fôlego: Grande Sertão: Veredas, o único romance escrito pelo autor, publicado em 1956.
Na jornada, os caminhantes percorrem parte do caminho realizado por Riobaldo e seu bando de jagunços rumo ao Liso do Suçuarão, suposto deserto do Grande Sertão Veredas.
A travessia passa pelo Urucuia – o rio de amor –, pelo Ribeirão de Areia e pelo Vão dos Buracos.
Uma jornada em terras marcadas por movimentos, deslocamentos e giros, por presenças em travessias, a revelar que o deserto é não-deserto, terra de um povo geraizeiro, terra de cultura e de Cerrado, onde natureza e humanidade estão juntas.
É uma jornada socioambiental pela diversidade do Cerrado mineiro, em que se fundem veredas, lagoas, rios, comunidades tradicionais, povoados, assentamentos de reforma agrária, grandes fazendas do agronegócio e unidades de conservação.
É a oportunidade para os caminhantes despertarem o olhar para a crise hídrica e o processo de desertificação que ameaçam a região e para refletir acerca das mudanças necessárias para manter os cursos d’água ativos e vivos.