O Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), realizou nessa quarta-feira (19/6) o seu I Simpósio Multidisciplinar de Oncologia. O evento, que abordou aspectos relacionados ao cuidado integral do paciente oncológico, reuniu diretores e profissionais da Fhemig, que atuam no diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes com câncer, além de representantes de outros hospitais que oferecem tratamento contra a doença na capital.
“Estamos aqui hoje dando conotação ao que fazemos todos os dias, cada um no seu espaço, no seu cuidado. Seja direto ou indireto, administrativo ou assistencial, cada um é responsável e protagonista deste primeiro simpósio que estamos realizando, em 87 anos de Alberto Cavalcanti”, afirmou a diretora do Complexo de Especialidades da Fhemig (hospitais Alberto Cavalcanti e Júlia Kubitschek), Cláudia Fernanda de Andrade.
Ela aproveitou, ainda, para ressaltar a importância do trabalho realizado na unidade. “Nós não entregamos casas, prédios, carros. Entregamos um produto de maior valor, um produto de família, que atinge não somente uma pessoa, mas muitas. O alcance da assistência do HAC em qualquer linha de cuidado, seja ele assistencial direto ou de apoio, é extremamente relevante. Por isso, é preciso saber o nosso papel aqui dentro e a importância do nosso hospital”.
A presidente da Fhemig, Renata Dias, aproveitou a oportunidade para destacar alguns serviços que demonstram a relevância do hospital para a população. “Nosso propósito é ‘tornar real o SUS ideal’ e a nossa missão é atender a média e a alta complexidade. A navegação e os cuidados paliativos são algumas entregas do HAC que merecem destaque e têm sido, para nós, um exemplo a ser ensinado e seguido, inclusive em outras unidades da Rede. Parabéns por tudo o que vocês têm feito aqui. Estou à disposição para continuar ajudando”.
Aumento de casos
A palestra inaugural do evento, com o tema “Epidemiologia do Câncer”, foi ministrada pela vice-presidente da Fhemig, Patrícia Albergaria. Na ocasião, ela destacou os números de casos de câncer e aqueles com maior acometimento em homens e mulheres. “O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que até 2025 teremos mais de 700 mil novos casos da doença no Brasil. Por isso, é importante fazermos uma reflexão de onde o HAC está hoje e aonde nós queremos chegar, e tomar medidas para que a gente consiga absorver a demanda da população”.
Além disso, ela destacou as principais causas da doença e formas de prevenção. “Temos uma missão, como profissionais da saúde, de atuar na prevenção desses tumores. A mama e a próstata ainda são os cânceres que mais matam no Brasil, mas têm aumentado muito o número de casos de câncer no pulmão, inclusive de pacientes que não fumam”, afirmou.
Segundo ela, apenas cerca de 10% a 20% dos casos de câncer têm causas hereditárias ou genéticas. Cerca de 80% a 90% das pessoas adquirem a doença por hábitos de vida. Tabagismo, álcool, obesidade, sedentarismo, alimentação rica em gorduras e alimentos ultraprocessados e exposição às radiações e à poluição são alguns dos principais fatores de risco.
“O câncer vem naturalmente com o envelhecimento da população, mas temos tido uma incidência cada vez maior em pessoas abaixo dos 50 anos, o que é preocupante. Isso serve de alerta para que possamos refletir sobre o nosso estilo de vida e ajudarmos a reduzir esse impacto na nossa família e na sociedade”.
Espaço de reflexões
Para a assessora da Diretoria Assistencial do HAC e responsável pela organização do evento, Marília Cornélio, o simpósio marca um momento ímpar na trajetória da oncologia na Fhemig. “Mais do que um evento científico, ele representa a consolidação de esforços, a concretização de projetos e a reafirmação do compromisso com a missão da Fundação com os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Ela explica que a ideia do evento surgiu com o objetivo de conceber um espaço de aprendizado, troca de saberes e reflexões sobre os desafios e as conquistas da oncologia no SUS.“A proposta do simpósio foi apresentada pela nova gestão do complexo e é marcada pelo fortalecimento das principais linhas de cuidado do hospital, contando com a excelência técnica dos nossos profissionais e nosso compromisso com a humanização e a eficiência no atendimento aos pacientes”.
Inovação
Em 2023, o Hospital Alberto Cavalcanti foi o primeiro hospital 100% SUS a adotar a metodologia do enfermeiro navegador em Minas Gerais. Além disso, inovou a prática da navegação ao criar a função do enfermeiro navegador satélite – espécie de assistente do navegador principal, responsável por acompanhar os casos de câncer que iniciam tratamento na unidade.
“Navegar o paciente” significa acompanhar sua trajetória de forma estruturada e em diálogo permanente com as equipes assistenciais e administrativas que o atendem, com o objetivo de coordenar todas as etapas com agilidade e humanização necessárias.
Até hoje, cerca de 900 pacientes já passaram pelo serviço de navegação na unidade.
Sobre a unidade
O Hospital Alberto Cavalcanti busca sempre aprimorar seus serviços e ampliar o acesso da população mineira. Credenciado como Unidade de Assistência de Alta Complexidade (Unacon), o hospital oferece atendimento multidisciplinar e individualizado por meio de planos terapêuticos.
Entre os serviços prestados, estão consultas ambulatoriais, quimioterapia, cirurgias oncológicas, cuidados paliativos, navegação do paciente oncológico e outros importantes recursos dedicados à luta do paciente contra o câncer.
Por mês, são cerca 3 mil consultas especializadas, além de 2 mil cirurgias ao ano. Com relação aos tratamentos de quimioterapia, por ano, são mais de 6.500.
Os números demonstram a importância do hospital no diagnóstico do câncer de forma precoce, no aumento da probabilidade de cura e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes do SUS.