Uncategorized

SP Sem Fogo: estado se prepara para risco aumentado de incêndios neste ano

Uma das ações de prevenção de incêndios é a realização dos “aceiros negros”, como o realizado no Parque do Juquery, em Franco da Rocha

O Governo de São Paulo se prepara para os riscos de incêndios florestais no período de estiagem neste ano, entre junho e outubro. De acordo com agentes estaduais envolvidos nas ações de prevenção e combate, fatores climáticos e ambientais indicam maior possibilidade de focos de queimadas em relação às últimas estiagens.

O tempo mais seco e o acúmulo de matéria orgânica nos solos estão entre os elementos que podem favorecer a ocorrência de incêndios em 2024.

“A gente tem se preparado desde o ano passado, junto com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, fazendo um esforço muito grande, seja na atuação quando ocorre o incêndio e, principalmente, na prevenção. Entramos (nessa época) em uma fase mais crítica e estamos de prontidão para fazer os atendimentos necessários”, afirma a secretária de Meio Ambiente Infraestrutura e Logística, Natália Resende.

De acordo com o Painel Geoestatístico dos Incêndios Florestais em Unidades de Conservação e Áreas Protegidas, em 2023, 1.030 hectares foram atingidos por incêndios, ante 7.181 em 2022, queda de 86%.

Segundo o coordenador da Operação SP Sem Fogo pela Fundação Florestal, Vladimir Arrais, a biomassa proveniente do período chuvoso e da baixa de incêndios pode servir, neste ano, de “combustível” para queimadas.

“Nos últimos dois anos, tivemos bastante chuva. Então, a tendência é que a vegetação tenha crescido de forma mais rápida. Tivemos também um número menor de incêndios, por questões climáticas. O efeito disso é o aumento de biomassa nas áreas lindeiras das unidades. Esse capim cresce muito rápido”, explica.

Para o meteorologista da Defesa Civil, Vitor Takao Suganuma, o cenário da estiagem deste ano aponta para altas temperaturas e baixa umidade, devido a um sistema de alta pressão que atuará pelo estado, bloqueando a entrada de frentes frias.

“São massas de ar continentais que não possuem umidade nem origem marítima. E quando há esse cenário de maior secura, fica muito mais propício em ter propagação de fogo. As projeções para este ano mostram temperaturas acima do que é normalmente esperado para os meses de maio, junho e julho”, afirma.

Após passar pela fase amarela, de preparação e prevenção, a Operação SP Sem Fogo entrou no dia 4 de junho na fase vermelha, quando passam a ser priorizadas as ações de combate e de fiscalização repressiva, além do reforço nas estratégias de comunicação e campanhas.

Embora os fatores de clima e solo ajudem na propagação do fogo, o principal fator causador de incêndios são ações humanas, como soltura de balões – em especial no período das festas juninas -, bitucas de cigarro e queima ilegal de vegetação. Diante disso, os órgãos de segurança, como a PM Ambiental, atuam constantemente para coibir a prática baloeira.

Prevenção contra incêndios

Vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), a Fundação Florestal é responsável pelas unidades de conservação do estado e pelas ações de prevenção a incêndios em vegetação.

Uma das principais frentes dessa atuação é a construção de aceiros em áreas de vegetação às margens das unidades. Aceiros são faixas em que se retira a vegetação para evitar a propagação do fogo em caso de incêndio. Os “buracos” são feitos com a ajuda de maquinário ou manualmente. Há também os “aceiros negros”, quando os capins são retirados por meio de fogo controlado.

Equipes da Fundação Florestal atuam na construção de aceiros nas unidades de conservação para evitar queimadas

A técnica é feita por equipes da Fundação Florestal, mas também deve ser realizada por proprietários de terras próximas a unidades de conservação, usinas e concessionárias de rodovias. “Os aceiros estão praticamente prontos agora para estiagem. O trabalho é manter essas áreas que são propensas a entrada de fogo sem esse mato no entorno”, explica Arrais.

Os aceiros também servem para facilitar o acesso de bombeiros e brigadistas em casos de incêndios de maiores proporções. “Acaba funcionando como uma via para deslocar as equipes para combater um foco de incêndio em determinada região. É o que a gente chama de ancoragem: deixamos ali os equipamentos e iniciamos o combate”, afirma o coordenador da Fundação Florestal.

O órgão também promove ações de educação ambiental junto a comunidades, escolas e universidades. Outra atividade importante de prevenção é o trabalho de campo das equipes da fundação .

“As unidades de conservação têm as equipes de fiscalização, que estão permanentemente em ações de monitoramento de campo. Isso é importante porque o fogo geralmente ganha grandes proporções quando tem uma demora de resposta. Essa presença é bastante importante”, diz Vladimir Arrais.

Além dos efetivos regulares, o governo paulista faz contratações temporárias de bombeiros civis para reforçar o combate a incêndios no âmbito da operação SP Sem Fogo. Neste ano, foram 114 agentes contratados para atuarem de junho a novembro. Cada equipe conta com veículo 4 x 4, moto bomba de 600 litros, mochilas costais, soprador e abafador.

A Defesa Civil estadual também atua na prevenção e preparação. Desde abril, realiza oficinas preparatórias em diferentes regiões do estado. As atividades incluem treinamentos de capacitação para agentes de defesas civis municipais que atuam no combate a incêndios florestais.

Operação SP Sem Fogo

A operação SP Sem Fogo é uma parceria entre as Secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), por meio da Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade (CFB), Segurança Pública e Defesa Civil do Estado. Além disso, conta com iniciativas e investimentos do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Fundação Florestal (FF), e Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA).