‘La Suprema’ foi o grande vencedor do 2º Festival de Cinema Internacional de João Pessoa (FestincineJP), promovido pela Prefeitura da Capital, por meio da sua Fundação Cultural (Funjope). O longa-metragem colombiano do diretor Felipe Holguin Caro levou ao todo três prêmios, incluindo o de Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Fotografia. A cerimônia de encerramento do evento aconteceu na noite deste sábado (1°), no Centerplex do Mag Shopping, consagrando a história de uma jovem que deseja ser boxeadora.
O 2º FestincineJP se consolidou como um importante evento do país, seguindo o lema ‘audiovisual: gerador de emprego e renda’. “Entregamos mais um bonito festival à cidade de João Pessoa, aos profissionais, à sociedade, aos produtores e a esse público, que tem sido maravilhoso aqui nas nossas noites. Fico muito feliz por todo esse momento que a Prefeitura de João Pessoa vive, que a cultura, que a cidade está experimentando. A cultura brasileira está renascendo e a Funjope participa como protagonista desse processo de restauração da cultura”, assegurou Marcus Alves, diretor executivo da Funjope.
Este ano, os homenageados do Festival foram o ator Matheus Nachtergaele, o diretor Bertrand Lira e o coletivo de cinema ‘¡LasLuzineides!’. Antônia Ágape, a primeira cineasta negra da Paraíba, também teve sua obra celebrada.
Premiados – Para o júri do Festival, a escolha de ‘La Suprema’ se deu pelo modo sensível que o filme coloca o espectador em contato com uma humanidade de sonhos e força coletivos, e pela habilidade em transpor para a ficção uma história real com beleza e encantamento. ‘La Suprema’ brilhou contando uma história real que se passa em uma cidade no Caribe colombiano, apagada do mapa, onde não há eletricidade.
O prêmio foi recebido na cerimônia pelo diretor, que falou com emoção sobre o reconhecimento dado pelo FestincineJP. “Me encanta poder receber esse tipo de reconhecimento. Isso valoriza o objetivo da história de ‘La Suprema’, por meio dessa comunidade que existe, que é real no Caribe colombiano, por falar dos povos colombianos e latino-americanos e suas necessidades, as suas lutas. Estar aqui e poder compartilhar as histórias na tela grande e ir a diferentes países, vir ao Brasil para mostrar o filme, é a vitória maior e um sonho para mim”, comemorou Holguin Caro.
A noite de sábado destacou ainda o longa ‘Os Sapos’, de Clara Linhart. A produção carioca saiu da cerimônia igualmente com três prêmios: Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Montagem. ‘Os Sapos’ narra a história de Paula, que é convidada para um fim de semana numa casa de campo isolada. Em um cenário bucólico, a personagem se surpreende ao encontrar dois casais desconhecidos em profundas crises de relacionamento. A presença dela deflagra conflitos até então insuspeitos.
“Estou muito feliz e acho que as mulheres que estão aqui na plateia talvez se identifiquem comigo. Mesmo este sendo meu terceiro longa de ficção, a gente sempre se pergunta ‘será que eu vou ser capaz?’, ‘será que vou conseguir?’. Este é um estímulo grande que vocês me dão para continuar persistindo”, agradeceu Clara Linhart.
Curtas e cineNordeste – Entre os filmes de curtas-metragem, ‘La Perra’, da diretora Carla Melo Gampert, se consagrou como o maior vencedor, conquistando três prêmios: Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Som. Em 14 minutos, o curta acompanha uma menina-pássaro que deixa para trás a casa da família, sua mãe dominadora e sua fiel cadela para explorar sua sexualidade.
Além de ‘La Perra’, também tiveram motivos para comemorar dois curtas vindos do interior paraibano. Com dois prêmios cada, ‘Jacu’, de Ramon Batista, ganhou os votos do júri popular e como Melhor Filme na Mostra CineNordeste.
Por sua vez, ‘Serão’, de Caio Bernardo, garantiu os troféus de Melhor Direção e Melhor Fotografia entre os curtas-metragens, segundo o júri. “Quando a gente começou a fazer cinema no Cariri, entendíamos que era impossível fazer cinema no interior. É possível, mas é bem difícil. Imagina em cidades com 3 ou 4 mil habitantes. A gente tem que convencer a tudo e a todos que o cinema é um meio de viver e de expressar o que a gente sente”, discursou Caio Bernardo.
Números – De 26 de maio a 1º de junho, o 2º FestincineJP atraiu cerca de 4 mil espectadores para assistir gratuitamente a 42 filmes, incluindo a estreia nacional de ‘O Último Pub’, com a presença do protagonista Dave Turner, na obra do diretor vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Ken Loach.
Foram ao todo 665 inscrições para as Mostras Competitivas com títulos de 12 estados brasileiros, além de produções do Chile, Colômbia, França, Cuba, República Dominicana, Estados Unidos, Argentina, Reino Unido, Bélgica e Martinica.
No ambiente de mercado, o Festival promoveu cerca de 170 atendimentos, entre rodadas de negócios e contatos com players nacionais, e fez circular cerca de R$ 3 milhões na economia.
Confira a lista completa dos vencedores:
1) Longa-metragem
Melhor filme: La Suprema (dir. Felipe Holguin Caro; 2023; Colômbia);
Melhor direção: Os Sapos (dir. Clara Linhart; 2024; Rio de Janeiro);
Melhor roteiro: Os Sapos (dir. Clara Linhart; 2024; Rio de Janeiro);
Melhor fotografia: La Suprema (dir. Felipe Holguin Caro; 2023; Colômbia);
Melhor som: Sede de Rio (dir. Marcelo Abreu Góis; 2024; Bahia);
Melhor montagem: Os Sapos (dir. Clara Linhart; 2024; Rio de Janeiro);
Melhor ator: Antonio Jimenez, em La Suprema (dir. Felipe Holguin Caro; 2023; Colômbia);
Melhor atriz: Cássia Damascedo, em Solange (dir. Nathália Tereza e Tomás Osten; 2023; Paraná);
Júri popular: Cervejas No Escuro (dir. Tiago A. Neves; 2023; Paraíba).
2) Curta-metragem
Melhor filme: La Perra (dir. Carla Melo Gampert; 2023; Colômbia/França);
Melhor direção: Serão (dir. Caio Bernardo; 2024; Paraíba);
Melhor roteiro: La Perra (dir. Carla Melo Gampert; 2023; Colômbia/França);
Melhor fotografia: Serão (dir. Caio Bernardo; 2024; Paraíba);
Melhor som: La Perra (dir. Carla Melo Gampert; 2023; Colômbia/França);
Melhor montagem: Daisy (dir. Catalina Kulczar; 2023; EUA);
Melhor ator: Pedro Walisson, em Samuel Foi Trabalhar (dir. Janderson Felipe e Lucas Litrento; 2024; Alagoas);
Melhor atriz: Zezé Motta, em Deixa (dir. Mariana Jaspe; 2023; Rio de Janeiro);
Júri popular: Jacu (dir. Ramon Batista; 2024; Paraíba).
3) Mostra CineNordeste
Melhor filme em longa-metragem: Estranho Caminho (dir. Guto Parente; 2023; Ceará);
Melhor filme em curta-metragem: Jacu (dir. Ramon Batista; 2024; Paraíba).
4) Prêmio Especial do Júri
Longa-metragem: Sede de Rio (dir. Marcelo Abreu Góis; 2024; Bahia);
Curta-metragem: Cuaderno de Nombres (dir. Cristóbal León e Joaquín Cociña; 2023; Chile);
Menção honrosa longa-metragem: Ramona (dir. Victoria Linares Villegas; 2023; República Dominicana);
Menção honrosa curta-metragem: Samuel Foi Trabalhar (dir. Janderson Felipe e Lucas Litrento; 2024; Alagoas).