Quatro municípios das regiões Norte de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri recebem o programa Roda-Hans, com a carreta itinerante da saúde, até 14/6. O projeto vai capacitar profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) e realizar atendimentos gratuitos para diagnóstico e tratamento de hanseníase para a população.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) é parceira da iniciativa, promovida pela Novartis, junto ao Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Dermatologia, em articulação com as prefeituras das quatro cidades mineiras.
De acordo com Ana Paula Mendes Carvalho, da Diretoria de Vigilância de Condições Crônicas da SES-MG, o projeto vai capacitar os profissionais que atuam na porta de entrada de atendimento à população e permitir que os casos suspeitos sejam identificados com mais rapidez.
“Quem atua na APS é responsável pela avaliação dos casos suspeitos, dos contatos e faz o acompanhamento dos casos confirmados de hanseníase. Esta ação vai contribuir para qualificação desses profissionais, para que eles consigam realizar o diagnóstico precocemente e, dessa forma, o paciente poderá receber tratamento oportuno”, ressalta Ana Paula.
O Ministério da Saúde define os estados que participam do projeto com base em dados epidemiológicos, de acordo com a incidência da hanseníase em cada região.
Já os municípios participantes foram definidos pela SES-MG, levando em conta as cidades que não possuem serviço de referência para hanseníase. A secretaria também considera critérios como número de casos diagnosticados, número de casos diagnosticados com Grau de Incapacidade Física II, número de casos diagnosticados em menores de 15 anos e a taxa de detecção de hanseníase de 2019 a 2023.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia apoia e coordena o projeto desde 2023 e os médicos que ministram os treinamentos técnicos e práticos para os profissionais são da instituição, ou indicados pelo Ministério da Saúde.
Carreta em ação
A rota em Minas começou por Janaúba na segunda-feira (20/5), onde a carreta presta atendimentos até a próxima sexta-feira (24/5). Depois, o projeto parte para Januária, onde os atendimentos serão feitos entre 27 e 29/5.
Almenara recebe a carreta de 3 a 7/6 de junho e Teófilo Otoni, de 10 a 14/6. Em 2024, o projeto passou por três cidades do Espírito Santo e depois dos municípios mineiros parte para o estado do Rio de Janeiro.
A capacitação tem carga horária total de 40 horas, com uma etapa teórica outra prática, na qual são realizados atendimentos aos casos sintomáticos em tratamento, aos casos suspeitos e às pessoas que residam ou tenham convivido com o paciente com hanseníase, no âmbito domiciliar, nos cinco anos anteriores ao diagnóstico, podendo ser da mesma família ou não.
A estimativa da SES-MG é que 288 profissionais de saúde sejam capacitados durante as quatro semanas de realização das ações em Minas Gerais.
“Esses profissionais vão atuar como multiplicadores no território. Assim, além das pessoas atendidas diretamente em cada município na carreta itinerante, todos os residentes do território poderão se beneficiar com ações continuadas após esta edição do Projeto Roda-Hans”, destaca Ana Paula Carvalho.
Sobre a Hanseníase
A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae, transmitida por meio das vias respiratórias (fala, tosse ou espirro) e atinge a pele e os nervos periféricos como os das mãos e pés, causando a perda de sensibilidade da pele.
Se não for tratada, pode evoluir para o comprometimento severo dos movimentos dos membros. Apesar de ser uma condição que tem cura e é conhecida pela humanidade há milhares de anos, ainda hoje a doença não foi eliminada, atingindo cerca de 200 mil pessoas no mundo, anualmente.
O Brasil é o segundo país em número de casos: de acordo com o Ministério da Saúde, apenas entre janeiro e novembro de 2023, mais de 19 mil pessoas foram diagnosticadas com hanseníase no país.
Nos últimos três anos, foram diagnosticados em Minas Gerais uma média de 1.339 novos casos da hanseníase por ano, o que demonstra que há transmissão ativa da doença no estado.
O tratamento da hanseníase é realizado por meio de medicamentos que são dispensados gratuitamente nas unidades de saúde. O paciente deve ir uma vez por mês à unidade de saúde de referência para receber a medicação. O tratamento dura entre seis meses e um ano, podendo ser prorrogado, em casos especiais e, quanto mais cedo ocorrer o diagnóstico e o tratamento da doença, maiores as chances de cura e de prevenção de suas consequências.
Clique aqui para saber mais informações sobre as ações adotadas pela SES-MG para o controle e enfrentamento à hanseníase.