Soluções promovidas pelo projeto resultaram em significativo aumento de produtividade para pequenos e médios produtores locais, que viram um incremento de quase 30% nos negócios, no último ano.
Conectividade e acesso à internet de alta qualidade, aumento de receitas, redução de custos e o engajamento de 63 produtores rurais com adesão formal à iniciativa. Esses são alguns dos ótimos resultados alcançados pelo Projeto SemeAr, que tem como objetivo desenvolver uma plataforma de inovação digital para o agronegócio, com soluções voltadas a demandas reais dos pequenos produtores e agricultores familiares, no Distrito Agro Tecnológico (DAT) de São Miguel Arcanjo, que completa um ano de operação, neste mês de julho. O projeto, gerido pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), de Campinas, tem como um dos integrantes do seu ecossistema o Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS).
A apresentação dos resultados obtidos ao longo do primeiro ano de implantação do projeto foi realizada em evento ocorrido na última sexta-feira (30), em São Miguel Arcanjo, e contou com a participação de diversas autoridades, entre as quais o presidente do PTS, Nelson Cancellara; o diretor executivo da Agência Inova, responsável pela gestão tecnológica do PTS, André Santos; o presidente do CPQD, Sebastião Sahão Jr.; a presidente da Embrapa, Silvia Maria Fonseca Massruhá; o prefeito de São Miguel Arcanjo, Paulo Ricardo Silva, e o deputado federal Vitor Lippi, autor da emenda ao Orçamento Geral da União que destinou recursos para esse projeto.
Baseado no conceito de “superfazenda digital”, o DAT funciona como um núcleo para a interação com os produtores rurais nos projetos implantados dentro da iniciativa SemeAr. Em São Miguel Arcanjo, o DAT começou atendendo a uma área geográfica com cerca de 330 agricultores de pequeno e médio porte, que têm como principais dificuldades a deficiência da conectividade na região e a intermediação na cadeia de comercialização de seus produtos, que são, basicamente, uva, abobrinha e outros hortifrútis.
“Escolhemos São Miguel Arcanjo para esse piloto, porque abriga pequenos produtores que têm essa dificuldade de conectividade e de acesso à internet. Com a solução em conectividade, eles passaram a ter acesso a informações atualizadas e, também, à capacitação em cursos on-line, que trarão cada vez mais melhorias para o desenvolvimento de suas lavouras e a comercialização de seus produtos. E estamos muito felizes com os resultados já obtidos”, afirma o presidente do Parque Tecnológico de Sorocaba, que é responsável pelo Arranjo Produtivo Local (APL) Agrotech. “Nosso papel, como Parque Tecnológico, também será transportar esse projeto para os outros municípios que compõem nosso APL Agrotech”, acrescenta.
“Em um ano de operação, implantamos uma infraestrutura de conectividade rural com tecnologia nacional capaz de facilitar o acesso à internet e viabilizar o uso de trator conectado, além de estação meteorológica própria, entre outros recursos”, afirma o gerente de desenvolvimento de negócios em Agronegócio Inteligente do CPQD, Fabricio Lira Figueiredo.
Implantada por um provedor local, essa infraestrutura combina várias tecnologias de conectividade sem fio: satélite banda larga SGDC da Telebras; rede privada 4G LTE/250 MHz da Trópico para comunicação com tratores e máquinas agrícolas; rede LoRa para os sensores instalados no campo e rádio ponto a ponto, para prover acesso à rede Wi-Fi e conexão com o provedor de serviço. “Ao mesmo tempo, fizemos um levantamento das demandas dos produtores rurais que formalizaram sua adesão ao DAT, selecionamos startups com soluções para atender essas demandas e viabilizamos a capacitação de pequenos produtores em tecnologias digitais”, conta.
Para atender às principais demandas dos produtores de São Miguel Arcanjo, que são: liberdade para comercializar seus produtos a preços justos, manejo agronômico, gestão da propriedade, entre outras, foram firmadas parcerias com as startups Muda Meu Mundo e Maneje Bem, ambas já foram residentes e passaram por aceleração no Parque Tecnológico de Sorocaba. A primeira oferece uma plataforma desenvolvida para conectar pequenos produtores (e agricultores familiares) com o varejo, eliminando intermediários, garantindo a definição de preços pelo produtor e ampliando os canais de venda. Já, a segunda oferece assistência técnica digital, por meio de especialistas em manejo de solo, gestão de pragas, variedades e microclima.
Uma pesquisa realizada entre eles indicou que a obtenção de informações em geral, tais como preços, técnicas e notícias agrícolas, e a comunicação com compradores, vendedores, agrônomos e até com familiares foram benefícios importantes que o DAT do SemeAr trouxe para os produtores rurais de São Miguel Arcanjo.
Resultados em números A conectividade teve um papel relevante para todos esses resultados positivos. Antes da implantação do DAT, 63% da área atendida não tinha cobertura de redes de comunicação e a qualidade da internet era apenas regular. De acordo com a pesquisa de percepção dos produtores, a qualidade da conectividade melhorou mais do que duas vezes. Hoje é considerada ótima (69,6% das respostas) ou boa (30,4%). Além disso, em função das soluções e serviços oferecidos do DAT, os agricultores calculam que houve um aumento de 28% em suas receitas, uma redução de 24% nos custos de produção e melhoria de 57% na qualidade dos produtos.
“O Brasil é considerado referência na agricultura, mas apenas 10% são considerados grandes produtores, com capacidade de investimento. E o projeto SemeAr teve a visão de trazer novas tecnologias para o pequeno e médio produtor, para diminuir essa desigualdade”, destacou a presidente da Embrapa, Silvia Maria Fonseca Massruhá. “São Miguel Arcanjo é, hoje, o primeiro município do Brasil a ter uma agricultura digital. Isso é um marco histórico e temos muito a agradecer a todos os integrantes parceiros do projeto SemeAr”, destacou o prefeito de São Miguel Arcanjo, Paulo Ricardo Silva.
Fotos: PTS/Divulgação
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