Qui 20 abril 2023 18:30 atualizado em Qui 20 abril 2023 18:35
Cervejarias artesanais mineiras recuperam fôlego e investem no crescimento da produção
Depois de anos de muitos desafios impostos pela pandemia, marcas de Nova Lima e Ouro Preto ampliam fábricas e visam turismo e novos mercados
Assim como comércio, bares, restaurantes e tantos outros, o ramo de fabricação de bebidas foi afetado pela pandemia de covid-19. Depois de anos bastante desafiadores, cervejarias artesanais mineiras começam a retomar o ritmo de crescimento, visando novas oportunidades de negócios. Duas delas realizam novos investimentos em 2023, ampliando e modernizando as suas fábricas para aumentar a produção e conquistar novos mercados, gerando empregos e renda para Minas.
Krug Bier / Arquivo
Sediada no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, a Krug Bier é uma das cervejarias mais tradicionais do Estado. Porém, toda essa tradição não a deixou imune de viver um de seus piores momentos desde a fundação, em 1997. “Nossas vendas chegaram a cair 80% na pandemia”, conta Herwig Gangl, proprietário da cervejaria.
Passada a turbulência, a empresa está investindo cerca de R$ 3,4 milhões na ampliação da sua fábrica, em novos equipamentos e no reforço na distribuição de produtos. A expectativa da empresa é duplicar sua produção, gerando mais 50 empregos. “Nossa produção deverá passar de 50 mil para 100 mil hectolitros nos próximos cinco anos. Com isso, vamos reforçar nossa presença em Belo Horizonte e no interior do Estado, e melhorar nossa atuação nos mercados vizinhos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Brasília”, prevê Gangl.
O executivo fez elogios à atuação da Invest Minas, agência vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG), que prestou apoio à empresa com informações e orientações que auxiliaram na decisão do grupo de se expandir. “Eles (a equipe) trabalharam bastante para nos apoiar neste investimento e o resultado foi muito bom. Antes, não tínhamos muito acesso a essa esfera de governo”, conta.
O CEO da Invest Minas, João Paulo Braga, destaca que Minas Gerais é um dos principais polos cervejeiros do país, e tem conseguido atrair diversos players do setor de bebidas, como Heineken, Cidade Imperial e Petrópolis, além de favorecer a expansão das marcas que já estão aqui, como é o caso da Krug. Em 2022, o volume de investimentos anunciados por empresas desse segmento foi de R$ 512 milhões, com a previsão de abertura de 1.300 novos empregos.
“Nos últimos anos, pudemos auxiliar na atração de várias empresas da cadeia cervejeira aqui no estado, desde a produção em si até nos fornecedores, como fabricantes de latinhas e garrafas. Isso garante ganhos de competitividade para as marcas, que podem crescer e gerar mais empregos”, diz.
De olho no Turismo
Outra microcervejaria reconhecida no mercado que está se expandindo é a Ouropretana, do distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, na região Central do estado. A empresa também adquiriu novos equipamentos, em parceria com outros investidores, para aumentar a produção em até 20% ainda neste ano, além de disponibilizar a fábrica para produção de outras marcas, modelo conhecido como “fabricação cigana”.
“Somos basicamente uma cervejaria local, e atendemos Ouro Preto e outras cidades da Estrada Real. Temos uma produção pequena e trabalhamos com receitas mais elaboradas, de maior valor agregado. Começamos em 2011, com produções praticamente caseiras, e hoje já geramos 15 empregos. E vamos ampliar o número de vagas neste novo ciclo. Nosso crescimento é orgânico, em um ritmo mais lento, e queremos que seja assim mesmo”, afirma o sócio Leonardo Tropia.
Além da retomada do consumo de bebidas, a Ouropretana aposta também no retorno do turismo às cidades históricas para conquistar os viajantes e aumentar as vendas. Segundo pesquisa recente do IBGE, Minas Gerais foi o Estado que teve o maior crescimento do fluxo de visitantes em 2022, em relação a 2021.
“O turismo está voltando a crescer, e a nossa região tem muitas atrações para oferecer aos visitantes. Nosso desejo é que a Ouropretana se consolide como uma espécie de souvenir do distrito de Cachoeira do Campo e da cidade de Ouro Preto”, conclui Tropia.