Rogério Flausino piscou e, quando viu, tinha feito 50 anos. É o dobro da idade de sua banda, Jota Quest, que neste sábado inicia turnê de comemoração de 25 anos de seu primeiro disco – com um tanto de licença poética. Em conversa com Zeca Camargo no “Splash Entrevista” desta semana, o cantor e compositor fez as contas direitinho:
“Na verdade, o primeiro disco é de 1996, mas não deu para celebrar ano passado por causa da pandemia”, esclareceu o músico. O isolamento forçado dos dois últimos anos, de certa forma, está presente na nova turnê, que a banda batizou de “Jota25 – De Volta ao Novo”.
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A pandemia deu uma chacoalhada muito grande em mim e na banda. Mexeu no meu jeito de ver o mundo. Agora tenho 50 anos. Fui muito impactado por este momento, e isso fatalmente vai impactar as novas canções.
Uma delas é “Te Ver Superar”, que, na opinião de Zeca Camargo, “parece que fala para o Brasil de agora”. “Não fizemos pensando que seria ótimo lançá-la depois da pandemia. A gente estava buscando alguma coisa pra ganhar verdade e força. Sair num momento como esse acaba servindo pra outras coisas”, contou Flausino.
Esta e outras inéditas estarão na nova turnê, que terá (como não?) 25 músicas, ao lado dos hits que o grupo mineiro acumulou ao longo de quase três décadas. “A gente tem que comemorar as nossas conquistas, e a gente tem muita coisa pra celebrar. Até porque a qualquer momento podemos não estar mais por aqui, por N motivos. A pandemia mostrou isso pra gente.”
Uma coisa, porém, não mudou no Jota Quest: “o DNA da superação”, segundo Zeca, nas levadas da banda e, principalmente, nas letras de Flausino. O cantor concordou:
Existem vários Jota Quest em sentido de levada, tanto com influẽncias do soul, funk, disco, bem festivas, como do rock. Com o tempo, a gente viu que o que costurava esses estilos era o papo, um papo otimista, mas eu sou meio assim mesmo. É uma coisa muito natural da gente.
Talvez este otimismo seja o “segredo” da longevidade da banda, que segue com os cinco integrantes originais desde que Flausino, Marco Túlio (guitarras), PJ (baixo), Márcio Buzelin (teclados) e Paulinho Fonseca (bateria) se juntaram em Belo Horizonte, em 1993. “A banda tem conseguido ficar acima dos individualismos, que são naturais e não precisam ser sufocados”, explicou.
Há também uma valiosa lição que o grupo aprendeu com os Rolling Stones, na ativa há 60 anos. “Óbvio que eles já brigaram e já fizeram as pazes, mas não ficam lavando a roupa suja na frente de todo mundo.”
Temos uma paixão pelo que fomos construindo juntos, o que é tão difícil de fazer. Passamos por esse funil e chegamos juntos, 25 anos depois, fazendo música, evoluindo, querendo fazer melhor. Ainda estamos juntos, os mesmos cinco, cheios de gás, com disco novo saindo do forno e uma turnê para celebrar.
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