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Saudoso Renato Silva, uma lenda no rádio campineiro


Saudoso Renato Silva, uma lenda no rádio campineiro

Com o característico bom humor, linguagem simples e objetiva, ele foi identificado como comunicador do povão. Compôs hinos e marcou época.

Nessas situações sem jogos me socorro de pautas alternativas, valendo-me de rechonchudo arquivo para contar ou recontar histórias.

Categorias: Colunas

Por: ARIOVALDO IZAC – –, 17/11/2022

Confira – Especial

Coluna de áudio Memórias do Futebol está atualizada e o personagem é o meia Diego Ribas, que saiu de cena no futebol neste 12 de novembro, com a camisa do Flamengo.

Acesse o link https://blogdoari.futebolinterior.com.br/

_____________________________________________________________________________________________________________________Dias desses encontrei um antigo amigo que, na base da brincadeira, me desafiou: “Com o fim dos campeonatos, agora só restou para vocês, da imprensa, falarem abobrinhas”.

Nessas situações me socorro de pautas alternativas, valendo-me de rechonchudo arquivo para contar ou recontar histórias.

E pegando como gancho o último sete de novembro, também Dia do Radialista, o personagem em foco é o saudoso Renato Silva, que marcou história na radiofonia de Campinas.

Saibam que esse ‘também sete de novembro’ é justificado porque inadvertidamente criaram mais um Dia do Radialista, através da lei nº 11.327, de 24 de julho de 2006, desconsiderando a marcante data de 21 de setembro.

Feito o esclarecimento, e que mandemos o autor do lei ‘caçar sapo com bodoque’, recordemos que o dia 11 de novembro de 1999 marcou a morte do repórter Renato Silva, aos 62 anos de idade, cujo nome de registro foi Benedito Pinto da Silva, apelidado de ‘Bico Fino’.

E por que recordar Renato Silva? Porque quando eu ainda estagiava na Rádio Brasil Campinas, nos anos 70, ele me ensinou a não esconder nada que tivesse pleno conhecimento, e assim pautei minha trajetória.

OMISSÃO

Eis que agora me surpreendo com veículo de comunicação, em flagrante excrescência, omitindo acintosamente informação de domínio público, como a maciça manifestação em Campinas, neste 15 de novembro, contra o recente processo eleitoral no País.

Retomemos, então, a singularidade de Renato Silva, que ao atuar como repórter em jogos, atrás das metas, ensinava aos discípulos a não repetirem a descrição do narrador, até porque há sempre um gancho complementar a ser explorado.

LINGUAGEM SIMPLES

Com o característico bom humor, linguagem simples e objetiva, ele foi identificado como comunicador do povão.

Desde o início de sua carreira radiofônica na antiga Rádio Educadora de Campinas – hoje Bandeirantes -, criou bordões imortalizados do tipo ‘barata viva não atravessa galinheiro’; ‘malandro é o corvo, porque é patrício, não dá pernada e voa sem gastar gasolina’; ou ainda no desfecho de sua participação em programas e jornadas esportivas quando dizia ‘quem beijou, beijou, quem não beijou não beija mais, feche o caixão e siga o enterro’.

O domínio aos microfones de Renato Silva foi atestado bem antes de atuar em rádio.

A veia artística serviu para colocá-lo na noite campineira, quando soltava a voz preferencialmente cantando músicas românticas, como aquelas do saudoso intérprete Nelson Gonçalves, o Nersão.

HINOS DE CLUBES

Foi assim por vários anos na antiga casa noturna de shows ‘Buzon’ – estrada velha para Indaiatuba -, como também teve a dádiva para compor, ao colocar letra e melodia no hino oficial da Ponte Preta, feito inicialmente para a Torcida Jovem, e posteriormente incorporado pelo clube.

Segundo ele, o hino interpreta o estado de espírito do pontepretano. ‘Estandarte desfraldado; preto e branco é sua cor; Ponte Preta vai pro campo; pra mostrar o seu valor’.

Ele também compôs hinos para Bragantino, Ituano, Mogi Mirim e até ensaiou melodia não encampada pelo Guarani, que preferiu oficializar obra do compositor Osvaldo Guilherme.CLIMA DESFAVORÁVEL

A estreita ligação de Renato Silva com a Ponte Preta provocou clima desfavorável para frequentar o campo do Guarani, pois até houve tentativa de agredi-lo em um dérbi no Estádio Brinco de Ouro.

“Reprovei aquela conduta. Esperava que os bugrinos se convencessem que estavam errados e pedissem perdão”, contou.

Mesmo sem as devidas desculpas dos torcedores, Renato voltou ao Brinco de Ouro e fez questão de ser notado em um smoking.

PREMIAÇÃO

Outra singularidade de Renato Silva se caracterizou com a anual festa de premiação, ao agraciar com troféus pessoas de diferentes segmentos de Campinas.

E para não pairar dúvidas sobre a escolha, avisava que não havia critério para definição. “Eu dou o troféu para quem eu quero”.

Como tinha desprendimento por bens materiais, quando se desfez de seu automóvel Brasília adotou naturalmente o transporte coletivo.

E só não se pode dizer que foi totalmente despido de vaidade, pois adotou uma peruca para esconder a calvície bem ampliada.

Por todas essas razões, provavelmente nem apareça outro radialista com o mesmo estilo.

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